MENSAGEM DE NOSSA SENHORA DE MEDJUGORJE 25 DE MAIO DE 2020
"Queridos filhos, rezem comigo por uma nova vida para todos vocês. Em seus corações, filhinhos, vocês sabem o que devem mudar: voltem-se para Deus e aos seus mandamentos, a fim de que o Espírito Santo possa renovar as suas vidas e toda a face da Terra, que precisa ser renovada em espírito. Filhinhos, sejam oração para aqueles que não rezam, sejam alegria para todos os que não vêem saída, sejam portadores da luz na escuridão neste tempo sem paz. Rezem e procurem ajuda e proteção dos santos para que vocês possam desejar o Paraíso e a realidade Celestial. Eu estou com vocês e os abençoo com todas as bençãos de uma Mãe. Obrigada por terem respondido ao Meu apelo."
A história de Padre Victor começa em um casarão na Rua Direita da Campanha (MG) de 1827. Foi ali que ele nasceu no dia 12 de abril. O primeiro documento consta que ele foi batizado oito dias depois pelo padre Antônio Manoel Teixeira. Cidade mais antiga do Sul de Minas, àquela época a vila de Campanha da Princesa da Beira reunia fazendeiros em busca de ouro e seus escravos.
Victor nasceu escravo, mas não viveu como um. Veio ao mundo na casa de dona Marianna Bárbara Ferreira, que de forma contrária à época, tratava os escravos da casa com dignidade. Por Victor, o carinho foi maior ainda e ela se tornou sua madrinha. Sob sua tutela, ele aprendeu a ler, escrever, tocar piano, falar em francês. Aprendeu até a sonhar.
O casarão onde Victor nasceu permanece em pé até os dias de hoje. Atualmente a Rua Direita se chama Saturnino de Oliveira e o casarão abriga uma loja de artesanato da família da artista Marisol Garcia da Luz, de 51 anos. Ela e a filha Júlia da Luz, de 34 anos, tomaram como missão preservar a história de Padre Victor. Formada em turismo, Júlia chegou a desenvolver um trabalho acadêmico sobre a casa em que mora há uma década.
“Quando chegamos, foi uma surpresa. A gente não sabia que ele tinha nascido aqui, o imóvel já estava fechado há algum tempo. Aí a gente percebeu que tinha muita história [para preservar]”, conta Júlia, e continua descrevendo o que sabe. “Dona Marianna era uma mulher de posses. Eles tinham dinheiro, moravam no centro da [vila]. [A família dela] tinha eira e beira.”Segundo ela, o velho casarão colonial só foi alterado em alguns detalhes, após passar por duas reformas. As telhas mudaram para as francesas e foram tiradas as feitas na coxa pelos escravos. As janelas de guilhotina foram substituídas pelas de folha e detalhes de vidro foram colocados nos pórticos das portas. Banheiros que não existiam na época e uma varanda ao fundo foram construídos.
A expressão de tempos antigos é explicada por Júlia: eira é o eirado, espaço onde as pessoas secavam sementes, criavam pequenos animais. A beira é o beiral do telhado, e naquela época, ‘beiras’ trabalhadas revelavam um refinamento que só famílias com dinheiro poderiam ter.
“[Victor] teve muita sorte, foi iluminado, nasceu em uma casa com a dona Marianna, que foi a madrinha dele, pagou tudo o que foi preciso, proporcionou tudo o que ele teve”, completa Júlia.
O SONHO
Na juventude, Victor começou a trabalhar como alfaiate e foi ao seu mestre que revelou primeiramente a vontade que tinha de ser padre. A reação, como de qualquer um que ouvisse de um negro escravo que queria uma posição de brancos, não foi boa. Conta-se que após sua revelação, Victor apanhou em rua pública de seu mestre.
Mas reação oposta teve sua madrinha. Ao ouvir o sonho do afilhado, foi atrás do padre da cidade para saber se isso seria possível. Meio incrédulo, porém esperançoso, padre Antônio Felipe de Araújo disse que o bispo de Mariana (MG), Dom Antônio Ferreira Viçoso, visitaria a vila em breve e com ele poderiam consultar a possibilidade.
Dom Diamantino Prata de Carvalho acompanha o processo de beatificação de Victor desde o início e conta que, admirado com a força de vontade de Victor, o bispo resolveu ajudá-lo. Para ele, a bênção de dom Viçoso foi essencial para que o jovem pudesse se encaminhar no sonho.À época, jovens negros e escravos não eram aceitos em um seminário católico. A Lei do Ventre Livre e a Lei Áurea, que aboliram a escravidão no Brasil, só se tornaram realidade em 1871 e 1888 respectivamente. Mesmo excluindo suas características de nascença, Victor já não poderia entrar pra vida religiosa simplesmente por ser filho ‘só de mãe’, de pai desconhecido, como explica o atual bispo de Campanha.
“São gestos proféticos, que a gente diz na igreja. Há pessoas que intuem, que preveem certas situações e aí já se movimentam, realizam obras capazes de favorecer aquilo que o movimento quer, [no caso] o movimento da abolição da escravatura”, explica.
Mas se o Brasil caminhava para uma transformação, o Sul de Minas do século XIX não estava preparado para ver a mudança tão cedo. Após ser aceito no seminário, como havia prometido a Deus, Victor fez o caminho até Mariana a pé. Ao chegar, foi recebido com um convite para os fundos da instituição, por onde os escravos entravam. Foi difícil se fazer acreditar que ia entrar pela porta da frente, que seria aluno e não serviçal.
Uma vez lá dentro, o tratamento foi digno de um teste de perseverança. “A repercussão não foi boa. Os próprios colegas de Padre Victor o humilhavam, queriam que ele fizesse trabalhos de escravo, limpar o chão, os sapatos de todos”, continua Dom Diamantino.
Conta-se dessa época que Victor fazia o que pediam, como um escravo, “porque não era trabalho pra ele”. Dom Viçoso interferiu na medida do possível para que ele fosse tratado como aluno, e como a água que aos poucos fura a pedra, ao se formar no seminário, o desprezo dos colegas foi transformado em no mínimo respeito e muita admiração. “Foi muito difícil, mas ele superou com muita dignidade, com muita paciência, humildade”, finaliza dom Diamantino. O jovem negro ex-escravo se tornava padre.
VIDA RELIGIOSA
A ordenação de Padre Victor aconteceu no dia 14 de junho de 1851, com a bênção de todos os religiosos necessários. Uma vez pároco, Victor voltou para Campanha e rezou sua primeira missa na cidade natal. Por lá permaneceu por cerca de um ano, até que chegou a notícia de sua transferência para Três Pontas.
Padre Victor chegou à pequena vila em junho de 1852 para substituir o vigário da paróquia que havia morrido. Ironicamente, segundo consta no livro de Passarelli, a origem de Três Pontas está ligada a duas aldeias de negros fugitivos (quilombos), e para destruí-las, o governo da Capitania de Minas Gerais encarregou dois capitães. Após a missão concluída, eles dividiram o território em lotes de que tomaram posse.
À época em que o padre negro chegava em Três Pontas, a vila reunia em sua maioria fazendeiros que faziam riqueza com o trabalho dos escravos. E se no seminário, onde Deus é chamado todos os dias, a reação em aceitar um padre negro foi difícil, em Três Pontas ela poderia ter se tornado uma tragédia.
”Ele também não foi bem recebido em Três Pontas”, continua Dom Diamantino. “O povo simples o aceitava bem, mas os graúdos… Por exemplo, o visconde de Boa Esperança falava: ‘nós pedimos um padre sábio, um padre bom e manda aqui um negão’. Mas [Padre Victor] foi para amar o povo e perdoar os inimigos.”
E foi preciso muita sabedoria e persistência para derrubar o grande preconceito que havia na época. Ele passou por agressões, missas rezadas para uma igreja praticamente vazia, piadas ofensivas. Mas a bondade e a caridade que o religioso continuou a dedicar aos moradores da vila, apesar de todas as humilhações, pouco a pouco conquistou até os fazendeiros mais ricos da região e ele passou a ser conhecido como o lendário padre negro de Três Pontas.
Vida ao outro
VIDA DO OUTRO
Desse período, tudo que se conta foi passado de família a família e todos os depoimentos foram reunidos na pesquisa histórica para o processo de beatificação. Muitos se lembram de sua voz grave e de sua personalidade rígida, justa, porém bondosa. Padre Victor morava em um casarão simples e vivia praticamente de doações.
À medida que a estima por ele aumentava, também aumentava o que lhe era doado. Mas nada a ele pertencia. Conta-se que um homem pobre foi a Padre Victor com o estômago vazio pedir o que comer. Victor havia acabado de se encontrar com um dos muitos fazendeiros que passaram a frequentar a igreja após se admirar com o padre negro, e dele ganhou uma quantia de réis para ajudar na paróquia.
O envelope com o dinheiro estava no bolso do religioso, e sem pensar, ao ouvir o pedido do homem, o entregou tudo. Quando o pedinte viu a grande quantia que estava no envelope, voltou correndo para devolver a maior parte e só ficar com o suficiente para comer. Em sua cabeça, o padre se enganou ao lhe dar tanto dinheiro. Mas Victor disse: “eu já lhe dei o que tinha e não quero de volta. Fique com tudo”.
Atitudes como essa foram repetidas por muitos moradores da época. O que tinha na casa do padre era de todos, e todos entravam livremente para pegar comida, dinheiro, objetos. Conta-se que Padre Victor somente repetia que esperava em Deus e por isso nunca iria faltar.
Conta-se também que enfrentar o demônio não era coisa difícil para o padre. Victor foi um padre exorcista e foram muitos que procuraram sua ajuda para tirar o demônio de entes queridos e residências familiares. Não há notícias de que alguma vez o padre negro não tenha conseguido expulsar o “ser maligno”.Nos fundos de sua casa, o padre ainda cuidava de um leproso – doente rejeitado pela sociedade da época pela falta de cura para a doença. O homem apareceu na igreja um dia e Padre Victor ofereceu ajuda. No cômodo onde ele passou a viver, só Padre Victor entrava e passou a cuidar do doente por quanto houve necessidade.
Nossa Senhora pediu-nos uma grande ação, uma contribuição totalmente pacífica em preparação ao dogma de Mãe de Todos os Povos e à paz mundial, que é a divulgação da sua oração e da sua imagem. Este pedido foi feito pela Mãe de Deus nas suas aparições em Amsterdam, capital da Holanda, a Ida Peederman. A Senhora de Todos os Povos apareceu 56 vezes a ela, sendo que a primeira vez aconteceu em 25 de março de 1945 e a última foi em 31 de maio de 1959. Nas suas aparições, a própria Virgem Maria deu um nome a esta difusão: “grande ação mundial”1, ou “obra de redenção e de paz”2. A princípio pode parecer estranho chamar a divulgação da imagem de Nossa Senhora e da sua oração uma “obra de redenção e de paz”. Porém, “a vocação de Maria consiste em conduzir-nos a Jesus, nosso Redentor, aos Sacramentos e assim à paz do coração. Quem o sabe, pode ter a grande alegria em colaborar nesta obra de redenção e de paz”3.
A Mãe da Igreja abre os nossos corações à graça da salvação através da sua imagem e da sua oração e qualquer um de nós pode colaborar nesta obra. Até uma criança pode colaborar, oferecendo a imagem e a oração a todos os seus irmãos e irmãs, crentes ou não. Ida viu esta grande “obra de redenção e de paz” na visão maravilhosa de milhões de flocos de neve caindo sobre a Terra: “Do mesmo modo que os flocos de neve sobrevoam o mundo e pousam nele, formando uma espessa camada, assim a oração e a imagem irão se propagar pelo mundo e penetrar nos corações de todos os povos. Como a neve se dissolve na terra, assim o fruto, o Espírito, descerá aos corações de todos os homens que rezarem diariamente esta oração. Eles pedem que o Espírito Santo desça sobre o mundo”4.
Convencida da grande importância desta obra de difusão mundial, Ida Peederman trabalhou incansavelmente até o fim de sua vida para enviar a imagem da Mãe de Todos os Povos com a oração ao mundo inteiro. Mas, muitas vezes sentia-se incapaz, por isso, certa vez Nossa Senhora consolou-a em uma de suas aparições: “Estás com medo? Eu vou ajudar-te. Vais ver como a imagem irá difundir-se quase sozinha”5. A vidente assegurou-se que é Nossa Senhora quem realiza esta obra: “Maria assume todas as responsabilidades!”6. Todavia, também nós recebemos o apelo da Mãe de todos os Povos: “E agora falo para aqueles que pedem um milagre. Bem, eu vos digo: comecem a trabalhar com zelo nesta obra de redenção e de paz e verão o milagre”7. Em outra aparição, a Mãe de Deus insiste: “ajudem com todos os vossos meios e tratem de divulgar a mensagem, cada um como pode”8. Não podemos por limites, pois “esta obra de difusão não é somente para um país, esta obra é para todos os povos”9. Por isso, esta grande obra “seja difundida no mundo entre todos os povos. Todos têm direito! Asseguro-vos que o mundo mudará”10.
A Mãe de Todos os Povos explica-nos como deve ser feita a propagação da oração e da imagem: “a divulgação deve ser feita através dos conventos”11, “nas igrejas e mediante meios modernos”12. A respeito destes modernos meios de comunicação, a Internet – através dos e-mails, mídias sociais, sites, blogs e outros – é um grande e poderoso meio de divulgação que não podemos deixar de usar. Milhões de pessoas, por todo o mundo, podem ser atingidas através deste meio. “Assim, a Senhora de todos os Povos será levada ao mundo, de cidade em cidade, de país em país. A simples oração fará com que se crie uma única comunidade”13.
Para que cheguem a todo mundo, a oração foi traduzida em 70 línguas e milhões de imagens foram enviadas a muitos países de todos os continentes. Além disso, “ao longo do ano chegaram ao Santuário de Amsterdam muitos testemunhos lindos, histórias de conversões, curas e outros milagres que se verificaram, porque por meio da imagem as pessoas puderam conhecer Maria como própria Mãe”14. Milhares de pessoas, de diversos continentes, vão em peregrinação ao Santuário da Senhora e Mãe de Todos os Povos, em Amsterdam, e dão testemunho das graças recebidas através da oração. A imagem da Mãe de Todos os Povos está em numerosas igrejas e capelas por todo o mundo. Em diversos países, os fiéis fazem circular um quadro com a imagem da Senhora de todos os Povos pelas casas, entre famílias, grupos de oração, paróquias, conventos, escolas, cadeias.
Assim, a convite da Mãe de Todos os Povos, somos chamados a participar desta obra com um coração ardente. Respondamos com entusiasmo ao convite de Nossa Senhora e distribuamos com amor a imagem com a oração. Que tarefa maravilhosa é colaborar com esta obra mundial de difusão, de preparar todos os fiéis para o anúncio de um novo dogma mariano, pelo qual a Virgem Maria promete: “Quando o dogma, o último da história mariana, for proclamado, a Senhora de todos os Povos dará ao mundo a paz, a verdadeira paz”15. Todos os dias nos deparamos com notícias de guerras, perseguição e violência, que aumentam a cada dia. Diante destes acontecimentos, não sabemos o que fazer, mas Nossa Senhora tem a solução. A Mãe de Deus oferece-nos, como em Fátima, um plano infalível. Revela a estratégia certa: “a grande ação mundial”, na qual todos os povos devem ser envolvidos através do nosso zelo missionário. Nós católicos, que temos a graça de o saber e de o compreender, temos uma grande responsabilidade. Pois, no futuro, os povos que não conheciam esta obra podem nos dizer: “Como? Sabiam? Sabiam como se poderia evitar esta grande catástrofe mundial? E não nos avisaram?!”16. Senhora e Mãe de Todos os Povos, rogai por nós!
Fica Senhor comigo, pois preciso da tua presença para não te esquecer.
Sabes quão facilmente posso te abandonar.
Fica Senhor comigo, porque sou fraco e preciso da tua força para não cair.
Fica Senhor comigo, porque és minha vida, e sem ti perco o fervor.
Fica Senhor comigo, porque és minha luz, e sem ti reina a escuridão.
Fica Senhor comigo, para me mostrar tua vontade.
Fica Senhor comigo, para que ouça tua voz e te siga.
Fica Senhor comigo, pois desejo amar-te e permanecer sempre em tua companhia.
Fica Senhor comigo, se queres que te seja fiel.
Fica Senhor comigo, porque, por mais pobre que seja minha alma, quero que se transforme num lugar de consolação para ti, um ninho de amor.
Fica comigo, Jesus, pois se faz tarde e o dia chega ao fim; a vida passa, e a morte, o julgamento e a eternidade se aproximam. Preciso de ti para renovar minhas energias e não parar no caminho. Está ficando tarde, a morte avança e eu tenho medo da escuridão, das tentações, da falta de fé, da cruz, das tristezas. Oh, quanto preciso de ti, meu Jesus, nesta noite de exílio.
Fica comigo nesta noite, Jesus, pois ao longo da vida, com todos os seus perigos, eu preciso de ti. Faze, Senhor, que te reconheça como te reconheceram teus discípulos ao partir do pão, a fim de que a Comunhão Eucarística seja a luz a dissipar a escuridão, a força a me sustentar, a única alegria do meu coração.
Fica comigo, Senhor, porque na hora da morte quero estar unido a ti, se não pela Comunhão, ao menos pela graça e pelo amor.
Fica comigo, Jesus. Não peço consolações divinas, porque não as mereço, mas apenas o presente da tua presença, ah, isso sim te suplico!
Fica Senhor comigo, pois é só a ti que procuro, teu amor, tua graça, tua vontade, teu coração, teu Espírito, porque te amo, e a única recompensa que te peço é poder amar-te sempre mais. Com este amor resoluto desejo amar-te de todo o coração enquanto estiver na terra, para continuar a te amar perfeitamente por toda a eternidade. Amém.
Proveniente de uma família nobre, Teresa nasceu no dia 4 de Setembro no Palácio da Anunciada, na Rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa. Filha de João Maria do Sacramento de Saldanha Oliveira Juzarte Figueira e Sousa e de Isabel Maria de Sousa Botelho, terceiros condes de Rio Maior, foi batizada no dia seguinte ao seu nascimento na Capela do Palácio da Anunciada e, em 1848, fez a Primeira Comunhão no altar de Nossa Senhora da Conceição, na Igreja dos Inglesinhos, em Lisboa.
De estado de saúde débil e preocupante Teresa tornou-se muito sensível, necessitando desde cedo da permanente presença e dedicação da mãe. Em 1840, aos três anos, devido à persistência de sua mãe, Teresa recuperou do estado de saúde debilitado e aprendeu a ler (em 1842 já acompanhava as celebrações litúrgicas com o missal).
A mãe teve um papel preponderante na sua orientação, primeiro na educacional ensinando-lhe letras (português, história, francês, inglês e alemão), os princípios da música e da arte e colaborando com professores particulares escolhidos por si, e na religiosa iniciando-a na prática da misericórdia através da Associação de N. Senhora Consoladora dos Aflitos que fundou em 1849 e que se dedicava ao socorro das famílias que viviam na pobreza.
Em 1855, com dezoito anos, ao pintar o Ecce Homo, Teresa sentiu o primeiro apelo místico e fez voto de castidade e um ano mais tarde redigiu um escrito onde declarou claramente a sua opção de exclusividade a Deus e ao serviço dos pobres.
Dirigiu o Colégio de Santa Marta para Meninas Pobres, apoiado pelas Filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo que se encontravam em Portugal exercendo a sua missão de atender aos pobres e desprotegidos. Em 1859, fundou, em Lisboa, com algumas amigas e dirigiu durante toda a sua vida a Associação Protetora das Meninas Pobres com Estatutos aprovados pela Santa Sé, a 21 de Abril de 1863. Esta associação está na origem da fundação da Congregação. Dedicava-se à educação de crianças pobres e à alfabetização e promoção de raparigas operárias através de aulas externas. Em 1862, as religiosas francesas foram expulsas de Portugal e Teresa, inconformada com a situação, lutou contra esta lacuna assistencial.
Em 1864 foi submetida a uma intervenção cirúrgica e, durante a convalescença, refletiu sobre a sua vida e sobre o rumo a seguir. Na sequência destes acontecimentos, e numa tentativa de renovação religiosa do país apesar do ambiente anticongregacionista em que se vivia, Teresa manifestou à sua mãe o desejo de ser religiosa e à sua cunhada, a Marquesa de Rio Maior, a intenção de ingressar nas Irmãs da Ordem Terceira de S. Domingos, em Stone/Inglaterra, para a qual já estava aceite. Como o pai se opôs à sua saída para o estrangeiro e, vendo a necessidade do seu país, sentiu que Deus a chamava a fundar em Portugal uma congregação que se dedicasse ao serviço dos mais pobres e desfavorecidos da sociedade, como a própria salientou:
"Vendo a necessidade de estabelecer na minha Pátria uma ordem Religiosa ativa, que se pudesse ocupar da educação de crianças pobres e ricas, pondo em prática todas as obras de misericórdia; que tratasse dos pobres doentes, os visitasse nos seus domicílios, numa palavra, que substituísse entre nós as Irmãs da Caridade.” (THIAUCOURT, Madre Teresa de Saldanha. Vida e Obra, p. 27)
Em 1866, Teresa tinha intenção de partir com as primeiras duas irmãs para fazer o Noviciado na Irlanda num Convento de Dominicanas Contemplativas, mas foi impedida pelo pai. Só em 1887 conseguiu realizar o seu sonho quando tomou o Hábito e iniciou o Noviciado a 18 de Abril com o nome de Irmã Teresa Catarina Rosa Maria do Santíssimo Sacramento. Fez a Profissão Religiosa a 2 de Outubro e foi nomeada a primeira Superiora Geral da congregação a 9 de Novembro, com licença especial de Breve de 21 de Dezembro de 1887 emitida pelo Papa Leão XIII. Estes acontecimentos culminaram com a tomada de posse do cargo de Superiora Geral no dia 15 de Janeiro de 1888 e, mais tarde, em 2 de Outubro de 1892, com a Profissão Perpétua.
Teresa de Saldanha distinguiu-se na pintura onde aprendeu com os mestres Mr. Leberthais (carvão) e Tomás José da Anunciação (aquarela e óleo), revelando grande talento para pintar paisagens, retrato ou motivos profanos e uma preferência pela iconografia religiosa. Deixou obras de grande qualidade pictórica que foram estudadas por alguns especialistas, como António Quadros numa conferência proferida em 1988, nos 150 anos do seu nascimento, na Fundação Calouste Gulbenkian, intitulada Romantismo e Misticismo na Pintura de Teresa de Saldanha. Destacam-se nas suas obras: um autorretrato e vários retratos de família (primeiros carvões, 1851), Ecce Homo (1855-1856), carvões, aquarelas e óleos (1856), Painel do Sagrado Coração de Jesus e S. João Baptista (Goa, 1865), Santa Brígida (Convento das Inglesinhas, 1865), Nossa Senhora e o Menino Jesus (Hospital de S. Luís das Irmãs da Caridade Francesas, 1865), Painel em honra da Beata Maria dos Anjos (1865), as últimas produções pictóricas (1869), a Mater Dolorosa e Santa Rosa de Viterbo.
Deixou também um grande espólio literário de escritos pessoais e de circunstância, nomeadamente notas autobiográficas e das suas memórias, orações, cartas, relatórios e contas. Faleceu com fama de santidade numa pequena casa alugada na Rua Gomes Freire, n.º 147, em Lisboa, no dia 8 de Janeiro de 1916 com setenta e oito anos, completamente despojada dos seus bens que lhe tinham sido retirados com a implantação da República. As exéquias foram realizadas na Igreja do Corpo Santo, em Lisboa, e o seu corpo foi sepultado no jazigo da congregação no Cemitério de Benfica, na mesma cidade, onde hoje repousa.
Teresa de Saldanha foi a primeira mulher fundadora em Portugal após a extinção das ordens religiosas. Tinha uma personalidade forte, determinada, organizada, uma notável capacidade de liderança e era trabalhadora, culta e piedosa, valores que imprimiu ao longo da sua vida em todas as ações que realizou, não esquecendo jamais a sua grande paixão a Deus e aos pobres. Foi, sem dúvida, uma grande figura feminina que se adiantou ao seu tempo, ao ocupar-se da educação feminina, e que soube corresponder às necessidades impostas pela evolução da sociedade. À data da sua morte fundara 27 casas: em Portugal 17, no Brasil 6, na Bélgica 1, nos E.U.A. 2 e em Espanha 1.
A sua memória, que continua viva nos corações tocados pela sua bondade e perseverança, serviu ao longo dos anos de inspiração à realização de diversas comemorações relacionadas com a sua vida e obra e com a congregação que fundou, através da publicação de livros, biografias e artigos, fotografias, conferências, exposições, peregrinações, programas de rádio e televisão, dramatizações, autocolantes, postais, cartazes, desdobráveis, etc.
Em 1937, foi comemorado o 1º Centenário do Nascimento de Teresa de Saldanha; em 1939, o 80º Aniversário da Associação Protetora das Meninas Pobres; entre 1968 e 1969, o 1º Centenário da Fundação da Congregação; em 1987, nos 150 anos do Nascimento de Teresa de Saldanha, foi lançada pela Congregação uma coleção de selos com o rosto da fundadora e, um ano mais tarde, foi atribuída à Rua Particular, à Estrada da Póvoa, o topónimo "Rua Teresa de Saldanha"; em 1993, 1994-1995 e 2000 foram promovidos Encontros Internacionais sobre assuntos de interesse da congregação; a Câmara Municipal de Lagoa, no Algarve atribuiu, em 1995, o seu nome a uma rua; em 2001, a Câmara Municipal de Rio Maior gratificou o topónimo de "Madre Teresa de Saldanha" a uma rua da cidade.
Atualmente decorre o seu Processo de Canonização que abriu em Portugal a 6 de Novembro de 1999 e encerrou a 17 de Novembro de 2001, entregue em Roma a 14 de Fevereiro de 2002.
Segundo texto biográfico
Teresa de Saldanha foi a primeira portuguesa a fundar uma congregação religiosa feminina, a das irmãs dominicanas de Santa Catarina de Sena. Fê-lo em pleno século XIX, quando a Igreja era perseguida e as ordens religiosas estavam proibidas no país.
Filha de família abastada, dedicou a sua vida aos mais pobres, doentes e desprotegidos, deixando uma obra que está hoje espalhada por quatro continentes.
Faleceu no dia 8 de Janeiro de 1916, e em Dezembro de 2016 o Papa Francisco reconheceu as suas “virtudes heroicas”, passo fundamental para que venha a ser beatificada.
A decisão foi recebida com grande alegria pelas irmãs dominicanas, conta Rita Maria Nicolau, a superiora geral da Congregação: "Já sabemos que madre Teresa é santa, por isso pusemos o seu processo. Mas este reconhecimento, pela Igreja, da heroicidade das suas virtudes, deu-nos muita esperança e muita alegria, porque agora podemos ter um culto mais alargado. É o primeiro passo para a sua beatificação e canonização.”.
"Teresa de Saldanha ainda não é tão conhecida como devia ser, mas ela foi uma figura fundamental na Igreja e na sociedade portuguesa do século XIX, em Lisboa e em Portugal”, explica a irmã Rita. Ainda em vida já era considerada santa: "Há jornais da época que falam dela dessa forma – a 'Santa Teresa de Saldanha', era ela ainda viva. E ela envergonhava-se disso, dizia 'Não gosto que digam isso'.”.
Quando morreu, em 1916, houve uma grande manifestação de apreço pela sua vida e obra. "Toda a gente queria tocar no seu hábito, tirar pétalas do caixão, foi um funeral enorme para aquele tempo", conta Rita. Vivia-se na I República, regime que a perseguiu e a obrigou a deixar a casa de família e a viver refugiada no seu próprio país.
A sua fama de santidade nunca se apagou e houve sempre muita gente devota de Teresa de Saldanha, "em Portugal e no resto do mundo, como no Brasil, em Timor, na Albânia, em Angola e Moçambique. Onde há dominicanas, ou tenha havido, há pessoas que se sentem marcadas pela vida de madre Teresa", explica a irmã.
A curiosidade em torno de Teresa de Saldanha aumentou com a recente decisão do Papa: “Recebi muitos e-mails de pessoas de vários países que queriam saber mais sobre quem foi e o que fez esta mulher”.
Um legado global
Cem anos depois da sua morte, a congregação que fundou está espalhada por sete países de quatro continentes: "Somos cerca de 300 irmãs", diz a provincial. E continuam com o mesmo carisma sócio-caritivo: "Temos em Portugal diversas casas para raparigas fragilizadas pela vida, maltratadas, a que chamamos 'órfãs de pais vivos'. Temos comunidades de inserção e lares de terceira idade." No Convento dos Cardaes, no Bairro Alto, acolhem jovens e adultas invisuais e com multideficiência.
O centenário da sua morte é assinalado nesta sexta-feira, 8 de Janeiro, em Lisboa, com uma escultura: "Vamos inaugurar uma obra escultórica junto à casa onde ela morreu, na Gomes Freire, 147. A própria presidente da Junta de Arroios ficou encantada com a história desta mulher, que não conhecia."
Os "cristos vivos" pintados
A venerável, que além da fama de santidade tinha dotes artísticos para a pintura, pintou muitos quadros. Teresa de Saldanha, "além de ser uma pessoa com um cariz social e evangélico, de obras de misericórdia, também foi uma artista, era uma grande pintora. Foi, aliás, ao pintar o Jesus coroado de espinhos, o Ecce Homo, que se sentiu chamada e pensou: 'Não posso passar a vida a pintar quadros, tenho que ir para os quadros vivos, para os ‘cristos vivos’ que andam nas ruas'" (sic).
Ainda pequena Francisca de Paula de Jesus, que nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João del-Rei (MG), chegou em Baependi (MG). Veio acompanhada por sua mãe e por seu irmão, Teotônio. Dentre os poucos pertences, trouxeram uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.
Em 1818, com apenas 10 anos de idade, a mãe de Nhá Chica faleceu deixando aos cuidados de Deus e da Virgem Maria as duas crianças, Francisca de Paula de Jesus, com 10 anos e seu irmão, com então 12 anos. Órfãos de mãe, sozinhos no mundo, Francisca de Paula e Teotônio, cresceram sob os cuidados e a proteção de Nossa Senhora, que pouco a pouco foi conquistando o coração de Nhá Chica. Esta, a chamava carinhosamente de "Minha Sinhá" que quer dizer: "Minha Senhora", e nada fazia sem primeiro consultá-la.
Nhá Chica soube administrar muito bem e fazer prosperar a herança espiritual que recebera da mãe. Nunca se casou. Rejeitou com liberdade todas as propostas de casamento que lhes apareceram. Foi toda do Senhor. Se dava bem com os pobres, ricos e com os mais necessitados. Atendia a todos os que a procuravam, sem discriminar ninguém e, para todos tinha uma palavra de conforto, um conselho ou uma promessa de oração. Ainda muito jovem, era procurada para dar conselhos, fazer orações e dar sugestões para pessoas que lidavam com negócio. Muitos, não tomavam decisões sem primeiro consultá-la, e para tantas pessoas, ela era considerada uma "santa", todavia em resposta para quem quis saber quem ela, realmente, era, respondeu com tranquilidade: "... É porque eu rezo com fé".
Sua fama de santidade foi se espalhando de tal modo que pessoas de muito longe começaram a visitar Baependi para conhecê-la, conversar com ela, falar-lhe de suas dores e necessidades e, sobretudo para pedir-lhe orações. A todos, atendia com a mesma paciência e dedicação, mas nas sextas feiras, não atendia a ninguém. Era o dia em que lavava as próprias roupas e se dedicava mais à oração e à penitência. Isso porque sexta-feira é o dia que se recorda a Paixão e a Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo para a salvação de todos nós. Às Três horas da tarde, intensificava suas orações e mantinha uma particular veneração à Virgem da Conceição, com a qual tratava familiarmente como a uma amiga.
Nhá Chica era analfabeta, pois não aprendeu a ler nem escrever, desejava somente ler as Escrituras Sagradas, mas alguém as lia para ela, e a fazia feliz. Compôs uma Novena à Nossa Senhora da Conceição e em Sua honra, construiu, ao lado de sua casa, uma Igrejinha, onde venerava uma pequena Imagem de Nossa Senhora da Conceição que era de sua mãe e, diante da qual, rezava piedosamente para todos aqueles que a ela se recomendavam. Essa Imagem, ainda hoje, se encontra na sala da casinha onde ela viveu, sobre o Altar da antiga Capela.
Em 1954, a Igreja de Nhá Chica foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. Desde então teve início bem ao lado da Igreja, uma obra de assistência social para crianças necessitadas que vem sendo mantida por benfeitores devotos de Nhá Chica. Hoje o INC - Instituto Nhá Chica acolhe mais de 150 crianças entre meninas e meninos.
A "Igrejinha de Nhá Chica", depois de ter passado por algumas reformas, é hoje o "Santuário Nossa Senhora da Conceição" que acolhe peregrinos de todo o Brasil e de diversas partes do mundo. Muitos fiéis que visitam o lugar, pedem graças e oram com fé. Tantos voltam para agradecer e registram suas graças recebidas. Atualmente, no "Registro de graças do Santuário", podem-se ler aproximadamente 20.000 graças alcançadas por intercessão de Nhá Chica.
Nhá Chica morreu no dia 14 de junho de 1895, estando com 87 anos de idade, mas foi sepultada somente no dia 18, no interior da Capela por ela construída. As pessoas que ali estiveram sentiram exalar-se de seu corpo um misterioso perfume de rosas durante os quatro dias de seu velório. Tal perfume foi novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, 103 anos depois, por Autoridades Eclesiásticas e por membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação de Nhá Chica e, também, pelos pedreiros, por ocasião da exumação do seu corpo. Os restos Mortais da Venerável se encontram hoje no mesmo lugar, no interior do Santuário Nossa Senhora da Conceição em Baependi, protegidos por uma Urna de acrílico colocada no interior de uma outra de granito, onde são venerados pelos fiéis.